domingo, 16 de fevereiro de 2014


Coluna:










Tonny Medeiros Comenta!













Avoantes do sertão: e o
problema da devastação ambiental na Caatinga Seridoense.





As chuvas mais uma vez pintam o
sertão de verde, a natureza ríspida e árida ressurge com folhagem e flores
entre os espinhos da caatinga. O gorjeio dos pássaros toma conta dos vales
nordestinos e dos planaltos serranos. A água trás ao sertanejo a esperança, e
com ela variadas formas de vida surgem como milagres no cenário cinza,
tipicamente nordestino. O torrão vira lama e corre as águas, e água no sertão é
sinônimo de vida, alegria e prosperidade.


A caatinga apesar de ser uma
região marcada pela escassez de chuvas é um vasto berço natural rica em fauna e
flora.


Reduto de infindáveis espécies de
aves, répteis, mamíferos e plantas variadas em que toda essa biodiversidade
encontra-se seriamente ameaçada, com o assoreamento do solo, as queimadas, a
extração de lenha e a caça predatória estão acabando com esse rico bioma
transformando-o em deserto sem vida, sem verde!


Nos planaltos da Serra de Santana
e em todo o Rio Grande do Norte esse quadro não é diferente, a degradação ambiental
é tamanha que mesmo hoje, em tempo de inverno, não se vê mais a diversidade de
antes, tais como: preás, tatus verdadeiros, tejos, concrizes, sabiás... Todos
estão desaparecendo, outros já desapareceram (como a onça), ou são extremamente
raros como é o caso do veado, do gato do mato e do guaxinim. 


A situação da nossa região é dramática
e há tempos não recebíamos a visita de uma velha conhecida, a avoante
(Zenaidaauriculata), ou para nós, simplesmente “ribaçã”- pomba campestre protegida
por lei, que migra das Américas do Norte e Central rumo ao nordeste brasileiro
em grandes bandos - para se alimentar e reproduzir.


            A
ribaçã é uma ave susceptível a extinção, pois é a única espécie de pomba do
mundo a pôr ovos e criar seus filhotes diretamente no solo tornando-se mais
vulnerável à captura e ao abate. Portanto, a ave corre o risco de extinção
durante seu período reprodutivo caso não haja proteção dos locais de postura
dos ovos, os chamados “Pombais”.


            Sua
chegada ao Seridó é sempre vista por nós como sinal de bom inverno, e este ano
não foi diferente, além de chuvas, podemos ver diversos bandos e pontos de
posturas na região, porem não tão numerosos como no passado, devido à visível redução
populacional da espécie.


Infelizmente a ganância humana é
de tal grau que ao invés de protegê-las, preferimos exterminá-las promovendo
uma verdadeira carnificina. Antes fazia se a matança para a subsistência, hoje praticasse
por puro esporte e dinheiro.


Aos poucos essa ave vai migrando nos
rumos da extinção. A matança indiscriminada da ribaçã é um crime impune, e os
maiores culpados somos nós mesmos enquanto população. Somos coniventes com essa
covardia desnecessária, e não cobramos do poder público e IBAMA maior rigor na
fiscalização e proteção dos pombais.


Preservar à ribaçã não é apenas proteger
uma ave qualquer, é preservar a maior e ainda existente concentração de aves
migratórias em que têm como destino o Nordeste Brasileiro!





O problema é a nível Nordeste,
porém as autoridades da Serra de Santana, e toda a região Seridó devem fazer
sua parte no combate a esse crime ambiental, a partir de fiscalizações e
operações de combate, além de trabalhos de conscientização junto à população.




Por fim, para que a avoante não
se torne mais uma ave na lista de animais extintos do Seridó, é preciso
lutarmos para que possamos parar com o extermínio e com a sede de matar
daqueles que não caçam por necessidade, destruindo assim a natureza por pura
maldade ou em troca de dinheiro extinguindo para sempre uma espécie para servir
de tira-gostos nas mesas de bar.

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