Ao se dedicar a uma análise social de Lagoa Nova é impossível e antididático fazer isso de maneira raivosa. A história, o povo, o trabalho, nos coloca diretamente em posição de crítico-admirador, sendo portanto essa escrita, muito mais que uma análise ao vazio, ou ao pessoalismo, mas antes, um grito de alerta, uma declaração de amor...
Natural desta querida Cidade e educador que sou, imbuído do compromisso ético e político é impossível não tecer essa escrita pensando no quão ainda temos que caminhar, lutando, para ultrapassar estruturas perversas de espoliação que ainda nos assolam. Pensando nesse mesmo sentido, lançamos um questionamento que parece fundamental para uma análise local. Qual o limite entre crescimento e desenvolvimento? O desenvolvimento de Lagoa Nova tem acompanhado o seu crescimento?
Sem dúvida essa é uma das cidades do Seridó e do RN - que mais tem crescido em população e em área urbana, prova disso é o aquecido mercado da construção civil. Entretanto, esse crescimento tem sido acompanhado por descuidos significativos no que se refere à organização dessas novas áreas, em que a falta de calçamento é sem dúvida, um grande déficit, quando pensamos a qualidade de vida e a organização dessas novas ruas que surgem na nossa cidade.
Se por um lado a área urbana tem crescido podemos dizer que o campo tem encolhido. A derrubada desenfreada dos cajueiros tem causado males a toda a agricultura. Essa foi e ainda é o suporte econômico da cidade, pois praticamente metade dos habitantes da cidade moram e vivem no campo. Isso garante autonomia financeira aos sujeitos e vida digna na zona rural, porém, estamos caminhando para perdas irreparáveis nesse setor, sendo urgente a organização do sindicalismo rural e a intervenção do poder público no auxílio dessa população.
Outro ponto que não pode ser negligenciado numa análise sobre a cidade diz respeito à educação. Sabe-se que temos atingido (ou se aproximado) das metas projetadas pelo MEC, no entanto sabe também que uma educação de qualidade requer mais que estatísticas, é preciso pensar numa qualidade socialmente referendada, ou seja, é preciso que essa educação tenha uma função social prática. Desse modo é preciso fortalecer a Educação do Campo, combater a política de nucleação escolar que carrega crianças do campo pra estudarem na cidade. O analfabetismo que atinge mais de 20% da população do nosso Estado e se reflete na nossa cidade, sendo urgente, para o enfrentamento desse problema social, o fortalecimento da Educação de Jovens e Adultos.
De forma mais abrangente podemos dizer que a violência que tem adentrado todos os interiores, com a praga do Crack, é outra mazela que tem nos assolado e que carece de muita seriedade e políticas de juventudes para seu enfrentamento, lazer não pode ser sinônimo de alcoolismo. Essa violência se evidencia também no trânsito de Lagoa Nova que precisa ser trabalhado em regime de urgência, o desuso do capacete, as ruas com pouca sinalização e a ausência de campanhas educativas e fiscalização, são agravantes que tem contribuído para rotineiramente assistirmos jovens perderem suas vidas prematuramente. Mais um exemplo da iniqüidade que há entre crescimento e desenvolvimento.
Tendo em vista o exposto, é salutar percebermos os grandes descaminhos que afligem o desenvolvimento da nossa cidade, em que vem sendo uma das que mais cresce em toda a Região. É preciso canalizar o crescimento ao desenvolvimento, fazendo com que Lagoa Nova dê um salto.
Publicado por: Rayssa Aline/ Gazeta da Serra
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