A imprensa corporativa tem se comportado, segundo um padrão de noticiar os principais candidatos ao Planalto, mais neutro ou favorável aos candidatos da oposição e mais desfavorável ou neutro ao governo.
Este comportamento não é novo, repete-se desde as últimas eleições nacionais.
O PT não virou o demônio para imprensa somente em 2014. Nem a oposição passou a ser o altar da redenção conservadora da grande imprensa apenas agora.
2010, 2006, 2002, 1998, 1994, 1989 foram anos que tiveram em comum pleitos que apresentaram um posicionamento mal disfarçado da mídia, em favor de uns, contrário a outros.
As três primeiras disputas presidenciais pós ditadura militar, TV, jornais impressos e revistas semanais formavam opinião pública, sem qualquer contraponto. Não por coincidência, foram seus protegidos os vencedores nas urnas.
Não somente por isso, claro, mas por fatores políticos e econômicos determinantes. Como a fragmentação das esquerdas em 1989 e a dificuldade de montar um palanque livre de divergências significativas no segundo turno contra Fernando Collor.
Ou como na montagem de um plano econômico, as vésperas do processo eleitoral, para sacramentar a vitória de um candidato ungido pela força da mídia, como foi FHC em 1994.
Em 1998 não foram realizados debates entre os presidenciáveis na Globo, porque FHC não confirmou sua participação e a emissora carioca cancelou os debates, retirando a oportunidade de seus adversários polemizarem uma das campanhas eleitorais mais despolitizadas da história. Quando não se pode debater ou politizar um pleito, tende a ganhar quem está governando, por falta de uma pauta que polemize questões políticas relevantes ou se acentue divergências programáticas.
FHC ganhou sem jogar o jogo. A Globo providenciou a vitória forçada por WO.
É fato que desde 2011, Dilma Rousseff sofre um bombardeio midiático sem precedentes, não há trégua, as redações são incansáveis e nesta batalha jogarem às favas escrúpulos e credibilidade.
No caminho para o trabalho costumo verificar as capas dos principais jornais do Rio de Janeiro, todos os dias, com destaque para O Globo, que se ocupa de atacar a candidata a reeleição e macular seu governo com manchetes que buscam um dado qualquer que a desqualifique, política e administrativamente.
Em outro texto já afirmamos que é a Globo a candidata da oposição, sem medo de errar ou de estar exagerando.
A imagem que ilustra este post mostra bem porquê. Apesar da Folha de São Paulo e do Estado de São Paulo lançarem mão de afrontas contra Dilma, são o Jornal Nacional e O Globo quem mais fazem uso dessas práticas.
Se considerarmos o alcance do Jornal Nacional, muito maior que dos outros veículos aferidos pelo Manchetômetro, os danos causados as imagens da presidenta e do PT são muito superiores do que qualquer noticiário gerado e gerido pela Globo que façam referência a Aécio e Marina.
Apesar do sítio imposto pelos meios de comunicação alinhados com o pensamento conservador, Dilma lidera a corrida eleitoral bravamente, sinal da crescente perda de crédito desses agentes políticos junto ao povo.
A quantidade de horas e páginas produzidas pela mídia corporativa para desconstruir um governo que não atende seus interesses e aos de seus parceiros políticos e econômicos, é algo absurdo e que fere a democracia.
O cidadão comum é bombardeado com notícias, pouco ou nada isentas, para formar opinião que possam garantir a vitória de certos interesses.
A Globo entrou de ponta de lança nessas eleições contra o governo, disposta a vencer a qualquer custo.
Uma nova lei de medios urge. Preservar a democracia e a liberdade de expressão, combater a formação de monopólios e produzir mecanismos que enriqueçam os debates políticos, sociais e econômicos na imprensa são essenciais para uma sociedade cada vez mais consciente, baseada em fatos concretos e informações fundamentais para subsidiar a tomada de decisões, na hora de realizar um investimento, planejar a vida ou fazer suas escolhas políticas, por exemplo.
A diversidade cultural e de opiniões precisa estar acima dos interesses comerciais da mídia corporativa.
Nunca é demais lembrar que, por exemplo, as emissoras de rádio e televisão são concessões públicas e tem função social definida pela constituição.
Os abusos cometidos no noticiário político contra candidatos adversários e demasiadamente favoráveis aos seus aliados, são a prova da urgente necessidade de uma legislação atualizada e que puna tais excessos. Porque isto ocorre diariamente, em coberturas distorcidas de greves, escândalos políticos, de fenômenos econômicos e sociais ou no esquecimento proposital de determinados acontecimentos.
O pensamento único continua ocupando espaço significativo na difusão do noticiário da grande mídia brasileira. Derrotar esta agenda é a real contenda que vai muito além dos calendários eleitorais vigentes e requer ação política contínua e um marco legal, calcado na contribuição de grupos organizados que lutam pela democratização dos meios de comunicação e pela participação popular.
Nenhum comentário:
Postar um comentário