A
proposta é levar professores a escolas de municípios com índices de
desenvolvimento humano baixos para melhorar o desempenho dos alunos
O
Ministério da Educação (MEC) quer levar professores a escolas onde
faltam docentes em ação semelhante ao Mais Médicos. O Mais Professores
faz parte do Compromisso Nacional pelo Ensino Médio, apresentado na
quarta-feira pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, na Câmara
dos Deputados. A criação do programa já havia sido comentada antes pelo
ministro, mas é a primeira vez que é apresentado em detalhes.
Segundo Mercadante, o compromisso ainda está em fase de
desenvolvimento e depende do orçamento disponível. Entre as ações do
programa, está a proposta de levar professores a escolas de municípios
com índices de desenvolvimento humano baixos ou muito baixos e que
tenham um baixo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) -
índice calculado a partir do fluxo escolar e o desempenhos dos
estudantes em avaliações nacionais.
A intenção é que, mediante o pagamento de uma bolsa,
professores se disponham a reforçar o quadro dessas escolas. Para as
escolas com baixo rendimento, a pasta quer atrair bons professores para
melhorar o ambiente acadêmico. Caso não haja professores disponíveis na
rede, o MEC cogita a participação de professores aposentados que queiram
voltar às salas de aula.
Segundo Mercadante, as áreas com as maiores carências de
professores são matemática, física, química e inglês. O ministro diz
que as disciplinas representam cerca de 3% das matrículas de ensino
superior, índice que tem se mantido constante. O Mais Professores,
esclarece o ministro, ainda é uma proposta em aberto.
Além de atrair professores para áreas carentes, o
compromisso propõe o aperfeiçoamento da formação continuada dos
docentes, com o desenvolvimento de material didático específico e a
criação da Universidade do Professor, uma rede que vai concentrar todas
as iniciativas voltadas para a formação docente. Pretende-se que em um
mesmo portal o professor possa acessar todos os cursos e programas
disponíveis.
A proposta prevê também um redesenho curricular do
ensino médio, para que as disciplinas ensinadas tenham uma maior
integração entre si. Para que o ensino seja melhorado, a pasta aposta na
educação integral. Para 2013, segundo o ministro, está prevista a
adesão de 5 mil escolas no ensino de dois turnos. No ano que vem, serão
10 mil centros de ensino.
Faz parte do compromisso a ação Quero ser Professor,
Quero ser Cientista, com a oferta de 100 mil bolsas de estudo para
jovens que queiram ingressar na área de exatas. Além disso, o ministério
desenvolveu, em conjunto com pesquisadores, um kit para estimular o
interesse pelas ciências. "Vamos distribuir os kits de ciências para
alunos de toda a rede. Ele vai poder manipular, usar. É inspirado em
alguns brinquedos, mas mais sofisticado e barato", explicou Mercadante.
Mercadante diz que o ensino médio é uma fase que precisa de atenção. "Andamos muito nos anos iniciais (do ensino fundamental), melhoramos nos anos finais e simplesmente atingimos a meta (do Ideb) no ensino médio. O que é pouco. Ainda precisamos de um salto de qualidade", disse.
Em 2012, 8.376.852 alunos estavam matriculados
regularmente e 1.345.864 cursavam o ensino médio pelo Educação de Jovens
e Adultos (EJA), de acordo com o Censo Escolar. A maioria das
matrículas do ensino médio está na rede estadual de ensino (84,9%). As
escolas privadas ficam com 12,7% das matrículas, as escolas federais com
1,5% e as municipais com 0,9%.
A defasagem idade-série ainda é alta, segundo o MEC, em
2012, dos estudantes matriculados no período, 31,1% têm idade acima do
esperado para a série que cursam.
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